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Epidemias

No final do século XIX e início do século XX a cidade de São Simão sofreu diversas epidemias.

Naquela época as epidemias eram freqüentes eis que não havia um saneamento básico na cidade. Água limpa ( e encanada ) e esgoto era coisa muitíssimo rara em São Simão, quanto mais na região. O primeiro hospital ( um dos únicos da região para não dizer o único ) só foi inaugurado quando nossa cidade estava infestada pela terceira epidemia de febre amarela.

Os médicos da época não tinham conhecimentos ou formas de tratar qualquer um que tivesse uma doença mais séria. Apenas para servir de exemplo, quem estivesse com "nó nas tripas" ( apendicite ) já podia ir providenciando o caixão pois isto era incurável.

Eram tempos difíceis. A zona rural da antiga São Simão ( muito maior que a de hoje ) era bem habitada. Dezenas de milhares de pessoas ali viviam sem muita higiene. Assim sendo, volta e meia surgiam epidemias que dizimavam os habitantes. Dentre as epidemias que documentalmente podemos citar como tendo ocorrido por aqui temos:

Epidemia de Varíola

Nos últimos quatro meses de 1.887 houve na - então - vila de São Simão ( nas outras vilas que faziam parte de São Simão não temos dados ) uma epidemia de bexiga ( varíola ). Na época diziam também "peste negra".

Varíola é uma doença infecciosa extremamente contagiosa e de alta letalidade. Quem pega tal doença após 14 dias de contágio fica com lesões por todo o corpo ( pontos que logo viram bolhas cheias de um líquido que se transforma em pus ).

No século XIX, oficialmente falando, 39 pessoas pereceram em nossa cidade, todavia estes dados muito provavelmente estão incorretos eis que a doença é altamente contagiosa e letal sendo que tais dados foram pegos por historiadores nos livros oficiais da época, todavia nestes mesmos livros só eram inscritos as vítimas quando alguém levava tal informação na igreja, o que quase sempre não ocorria mesmo porque ( ao contrário da febre amarela que o município arcou algumas vezes com urnas mortuárias de vítimas pobres ), no caso desta epidemia, levar tal informação na igreja (não havia cartório na época) para marcar ou não marcar no livro que alguém morrera de nada adiantava financeiramente para os familiares que estavam vivos.

Sabe-se ainda que os dados de apenas 39 vítimas são muito imprecisos porque pela quantidade de escravos que aqui havia e os mesmos não aparecerem em grandes quantidades nas mortes é porque simplesmente foram enterrados em valas na zona rural mesmo porque o escravo era uma "rés" e este tipo de enterro era algo lamentavelmente normalíssimo ( não nos esqueçamos que nos cemitérios de São Simão se tivermos uns 4 ou 5 escravos ou ex-escravos enterrados é muito sendo que no século XIX eles eram contados aos milhares )

Ninguém sabia como a doença era transmitida. Na hora de enterrar os cadáveres decidiram não colocá-los no cemitério local com medo do aumento da epidemia pois o cemitério era muito próximo à vila. Aliás sequer tinha gente que aceitava trasladar os cadáveres para algum lugar distante.

Um escravo ( conhecido por "Nhô" ) foi quem fez o serviço de buscar os corpos em uma carroça, corpos estes que jaziam nas residências abandonadas e levá-los para o sepultamento em lugar a ser escolhido.

Não se sabe ao certo se Nhô com tal atitude ganhou sua alforria ou se já estava recentemente alforriado por algum motivo, todavia sabe-se que este escravo ( ou ex-escravo ) recebeu algum dinheiro para compensar o perigo que estava passando.

Os corpos foram sepultados em um local que passou a ser conhecido por cemitério dos bexiguentos.

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