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Primeiro Hospital

Depois que o larápio entra na residência é que o proprietário decide colocar o cadeado no portão. O mesmo precisou acontecer com a cidade para decidirem construir um hospital.

Em 1.887 a contagiosa e perigosa varíola ceifou vidas em quantidades que até hoje não sabe ao certo. Quantos escravos foram enterrados em valas comuns nas fazendas e não entraram nas "cifras oficiais" de mortos...

Na última década do século XIX e na primeira do século XX tivemos três epidemias de febre amarela. A cidade simplesmente nunca mais se recuperou e o que é pior, quem estava vivo na época não tinha nem para onde ir pois em toda a região não havia hospital. Quem daqui fugia e chegava nas cidades vizinhas era colocado em isolamento e em quarentena salientando-se que se morresse geralmente não era enterrado nem nos cemitérios!

Assim sendo, três mulheres resolveram sozinhas tomar uma providência. Construir um hospital! Seus nomes deveriam ser hoje nomes de ruas ou praças simonenses, mas foram ( como ocorrera com o escravo Nhô ) esquecidas.

Dona Amélia Alves de Almeida, Maria da Conceição Leite Barretto e Anna Baggio Gouvêa precisavam fazer alguma coisa para levantar um prédio onde seria o Nosocômio. Aquelas cenas do dr. Emílio Ribas e vários outros médicos tratando os "amarelentos" nos fundos do cemitério e os enterrando imediatamente após a morte de cada um deles deveria ser esquecida pois a cidade precisava de um Hospital.

Tiveram uma idéia: A Estrada de Ferro São Simão tinha transferido sua sede do centro da cidade ( atrás da igreja matriz ) para a zona rural, próximo a uma estação ferroviária de nome "Bento Quirino" da concorrente Companhia Mogyana de Estradas de Ferro e Navegação.

O prédio estava desocupado bem como o barracão que ficava paralelo aos trilhos recém retirados. Dr. Jorge Cesimbra Fairbanks com certeza não precisaria daquele imóvel pois era rico, além de ser médico que trabalhara ativamente durante as primeiras epidemias de febre amarela tendo exercido diversas ocupações na cidade ( empreiteiro, inspetor de alunos, dono de fábricas, vereador, etc ).

Provavelmente as três senhoras procuraram ajuda de D. Leonor Fairbanks que as teria encaminhado ao marido ( agora proprietário da ferrovia ). Ele, por sua vez, não "doou" a estação ferroviária desativada às mulheres mas informou que "venderia" o imóvel.

Dr. Jorge era um empresário com grande visão de futuro, não um filantropo. Se ele canalizou água para São Simão e fez melhorias no bairro Jatahy ( queria até montar uma empresa geradora de eletricidade para atender a região ) foi porque isto era a finalidade de sua empresa ( Cia Melhoramentos ) tendo lucro com isto, ou seja, era uma pessoa com uma visão capitalista e prática não misturando filantropia com seus empreendimentos. Suas atitudes empreendedoras trouxeram grandes benefícios para a cidade mas também lhe custaram alguns inimigos em sua vida, inimigos estes que procuraram colocar óbices aos seus empreendimentos deveras arrojados para a época.

Dona Amélia Alves e suas colegas Maria e Anna Gouvêa não desanimaram. Pelo menos sabiam que o prédio estava à venda e ali a Santa Casa de Misericórdia um dia iria funcionar.

Antiga Câmara Municipal

No dia 25/08/1899 no salão nobre do então prédio da Câmara Municipal ( foto abaixo ) houve uma reunião onde compareceram as três senhoras e mais onze pessoas para tratar da fundação do hospital. Fizeram uma ata e discutiram a maneira de por em prática a tal idéia.


Não foi muito difícil pedir para que a Câmara Municipal ajudasse na compra do prédio eis que o dr. João Fairbanks ( irmão mais novo de Jorge ) era médico e político que certamente queria montar o hospital. Ainda que o irmão de João não tivesse doado o prédio, a idéia do hospital agradava-lhe e usando de sua influência política ( já tinha sido prefeito e presidente da câmara ) conseguiu uma verba para comprar a antiga estação.

Desta forma, a Câmara Municipal auxiliou na compra do imóvel com a quantia de três contos de réis. Faltaram cinco contos que foram posteriormente levantados eis que no dia 14 de maio de 1.902 o Dr. Jorge foi ao Cartório passar escritura provisória sendo lavrada a escritura definitiva no dia 20 de dezembro de 1.904.

Fizeram uma adaptação na estação ferroviária e assim nasceu o Hospital.

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